A comunhão com a Trindade

A Ressurreição de Cristo constitui uma nova vida e um resumo da nova vida da humanidade. O Pai acolhe o gesto de Jesus e manifesta a sua admiração ressuscitando-o.
O Pai torna o Filho sua perfeita imagem. Ele opera a ressurreição por meio do Espírito, este se manifesta assim em Jesus, tornando-o independente das condições do espaço e do tempo, independente das coisas criadas.
Os fatos do Mistério Pascal, já são a revelação da Trindade, pois o mistério pascal é o mistério central da nossa fé, enquanto economia ou história da salvação, no sentido mais “amplo” a Páscoa é o caminho completo percorrido pelas pessoas enviadas que saem do Pai e a Ele voltam. Enquanto que no sentido mais usual do termo, a Páscoa compreende a morte e ressurreição de Cristo até Pentecostes – Solenidade que celebramos recentemente e que é justamente a Páscoa de Cristo feito nossa, ou seja, o que em Cristo realizou-se em breve tempo, a existência humana prolonga e explicita. Constituindo fonte de vida, a fim de que houvesse um homem capaz de dar o Espírito. Cristo torna-se o dispensador do Espírito que nos é doado e no qual somos imersos.
A comunhão trinitária é verdadeiramente mistério, realidade que supera absolutamente toda compreensão humana. É verdadeiramente o valor último e supremo, o único verdadeiro fim último do homem, uma vez que Deus, e somente Deus, é a plenitude de toda perfeição.
Deus jamais deixará de causar a admiração do homem, e nunca homem algum penetrará na terra de Deus se não estiver disposto a se desarraigar, como Abraão (Gn 12,1), das fronteiras de suas limitações e da estreiteza de suas seguranças.
A oração não deve reduzir Deus aos limites do homem; mas deve dilatar o homem aos horizontes de Deus. O silêncio, que o Pai parece opor em muitos casos aos pedidos humanos, nasce da autenticidade de sua paternidade, de sua firmeza em não condescender com a mesquinhez dos planos humanos, para poder substituí-los por planos bem maiores, nascidos do seu amor.
Tudo que existe é obra da Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito estão sempre em perfeita comunhão e não é possível notar nenhum tipo de subordinação interna entre Eles. Nesta perspectiva temos que entender que a fé se dirige tanto ao Deus Trindade que se manifesta na Páscoa, como ao próprio mistério da Páscoa. Não basta professar que Cristo morreu e ressuscitou, mas é necessário confessar quem realizou isso, o Pai, e porque o fez: Para doar o Espírito. Neste sentido, a fé integral liga as obras às Pessoas e as Pessoas entre elas. Isto nos permite falar que:
O PAI, é a primeira Pessoa da Trindade, pois não tem princípio, não procede de ninguém, por isso é chamado de: Princípio sem princípio, meio pelo qual constitui o seu modo de ser Deus, de realizar a essência divina, a sua nota pessoal inconfundível…
O FILHO, é a segunda Pessoa da Trindade, porque procede inteiramente do Pai, sua processão é uma geração e não uma criação. Gerar é pois, comunicar toda a substância divina; ser gerado é receber toda a única substância divina: Pai e Filho são um, porque toda a substância do Pai é também a do Filho. São dois, porque um gera e o outro é gerado. Tudo é comunicado e recebido, menos o fato de ser Pai ou Filho, pois as pessoas são absolutamente incomunicáveis (são hipóstases)…
O ESPÍRITO que procede do Pai e do Filho, procede por via Volitiva como fruto de amor e querer recíproco entre o Pai e o Filho. É assim o dom por excelência, é totalmente a expressão e expansão do amor divino.
Contudo, busquemos viver neste grande Mistério que somos introduzidos pela Liturgia que é o Mistério da Trindade.

Por Seminarista José Almeida