Conheça um pouco mais sobre a Sagrada Escritura

Foto: CNBB

Setembro é o mês dedicado à Bíblia. Confira uma breve catequese sobre a Sagrada Escritura.

O que é a Bíblia?

Palavra que advém do grego em plural neutro, Bíblos, significa os livros por excelência. Segundo o Concílio Vaticano I é a coleção dos livros sagrados escritos pela inspiração do Espírito Santo. É uma coleção porque é formada por diversos livros, estes que foram selecionados segundo a Sã Doutrina e os teólogos da Santa Mãe Igreja. Estes livros passam, portanto, a serem chamados de Livros Canônicos, isto porque estes estão de acordo com o Cânon; além disso os livros possuem, ainda, divisões que foram acrescentadas posteriormente, as quais veremos no decorrer deste artigo.

Quem é o autor da Bíblia?

O autor por excelência da Sagrada Escritura é Deus, que no esplendor de sua bondade e por amor revelou-se desde a criação aos homens, de modo que esta revelação não findou-se na criação, mas prosseguiu na História da Salvação, sendo que alcança seu grau máximo na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, que encarnando-se no seio da Virgem Maria, revelou o rosto amoroso e misericordioso de Deus. Contudo, Deus não escreveu com suas próprias mãos o texto sagrado, mas escolheu os hagiógrafos para redigir a Escritura.

Quem são os Hagiógrafos?

São homens escolhidos por Deus para escreverem os livros Sagrados, pois como afirma a Constituição Dogmática Dei Verbum “Deus escolheu homens, que utilizou da posse das faculdades e capacidades que tinham, para que, agindo Deus neles e por meio deles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele quisesse” (n. 11).

Existem erros na Bíblia?

A Bíblia não tem a preocupação de transmitir com precisão histórica dados científicos-naturais. Além disso, é preciso levar em conta que os hagiógrafos são “filhos” de um tempo e uma cultura, e isto traz consigo a necessidade da utilização de um estilo literário para a transmissão da revelação. Logo, quando lemos a Bíblia devemos ter a preocupação de uma reta interpretação, que só é possível se auxiliada pela Doutrina e pelo Magistério da Igreja. Estes, por sua vez, afirmam a Inerrância Bíblica, porque os dados revelados têm a garantia de verdade no seu autor por excelência, Deus, de tal forma que a Sagrada Escritura não erra no que diz respeito a verdade de nossa salvação.

Como é formado o Cânon Bíblico?

Antes de entrar propriamente na pergunta, cabe explicar o que é Cânon? O Cânon é um termo do grego que significa “Vara”, unidade de medida usada por artistas e fabricantes na era antiga, que servia como regra para as suas atividades; atualmente nós empregamos esse termo para distinguir os livros considerados pela Santa Doutrina como divinamente inspirados e sagrados. Como dito, a Bíblia possui uma gama de livros, e aqui nós já temos claro que há dentro da Bíblia uma divisão.

Como é a divisão da Bíblia?

A Bíblia possui duas grandes divisões: Antigo e Novo Testamento. É preciso ter claro que Testamento é sinônimo da palavra aliança, aqui já recordamos, portanto, que Deus firma com o Povo Eleito de Israel uma aliança, mas as raízes desta palavra estão mais presentes em Jr 31, 31-34, passagem que influenciou fortemente o cristianismo. Assim sendo, definimos como Antigo Testamento aquele que precede o advento e a paixão de Cristo – aqui encontramos uma nova divisão, a saber: o Pentateuco, Livros Históricos, Sapienciais e Proféticos, que seguem ordenadamente esta sequência na compilação bíblica. Já, por Novo Testamento compreendemos o que fora escrito após o Mistério Pascal de Cristo, a saber: os Evangelhos Sinóticos, o Evangelho Joanino, Atos dos Apóstolos, Cartas Paulinas, Cartas Católicas e Apocalipse de João.

Como foi a composição a Bíblia?

O primeiro fato a ser considerado é que as línguas utilizadas para a escrita da Sagrada Escritura foram o Hebraico, língua materna judaica, e grego considerando que o povo de Israel sofreu várias dominações de povos estrangeiros, dentre eles o povo grego, o que fez com que o Antigo Testamento fosse traduzido para o grego, para o povo judeu esses livros eram conhecidos como Torá e sua tradução para o grego é conhecida como Pentateuco, isto se deu com os setenta sábios daquela época, dando o nome desta tradução de Setenta. Outros impérios se formaram no decorrer dos séculos e o mais conhecido de todos, o Império Romano, também dominou sobre Israel, Império este que teve início alguns séculos antes de Cristo e que se estende até o século IV d.C. Neste período os livros bíblicos foram traduzidos para o latim, língua oficial do Império, esta tradução ficou conhecida como Vulgata, porque o latim era língua vulgar/comum, sendo que o tradutor desta versão foi o grande São Jerônimo.

Qual a diferença entre a Bíblia Católica e a Bíblia Protestante?

A tradução feita por São Jerônimo foi a utilizada durante toda a era medieval cristã, até que Martinho Lutero decide realizar a tradução para o alemão, mas não utiliza-se da Vulgata, e sim o Cânon Deuterocanônico, o que faz com que ele exclua de sua tradução os livros: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico, 1-2 Macabeus, e parte do livro de Ester e Daniel. Por isso, que na Bíblia Protestante faltam os livros acima mencionados, o que gera a principal diferença entre as Bíblias.

Como a Bíblia chegou até nós?

O Concílio Vaticano II foi o maior propulsor para que a Sagrada Escritura chegasse até as nossas mãos, aprovando que a Bíblia fosse novamente traduzida, agora para a língua vernácula, ou seja, a língua mãe de cada nação, novamente porque esta iniciativa já foi tomada no Concílio de Trento. Com expansão ao acesso à Bíblia, esta se tornou o livro mais vendido no mundo.

Fonte: BIO - Boletim Informativo de Osasco
Por Sem. Dênis Mendes e Sem. Franklin Bruno, 4º ano de Teologia – Seminário Diocesano São José